quinta-feira, 15 de maio de 2008

“A morte do riachinho” – Guimarães Rosa

“Porque, dantes, se solambendo por uma grota, um riachinho descia também a encosta, um fluviol, cocegueando de pressas, para ir cair, bem embaixo, no Córrego das Pedras, que acabava no rio de-Janeiro, que mais adiante fazia barra no São Francisco। Dava alegria, a gente ver o regato botar espuma e oferecer suas claras friagens, e a gente pensar no que era o valor daquilo. Um riachinho xexe, puro, ensombrado, determinado no fino, com regojeio e suazinha algazarra – ah, esse não se economizava: de primeira, a água, pra se beber. Então, deduziram de fazer a Casa ali, traçando de se ajustar com a beira dele, num encosto fácil, com piso de lajes, a porta-da-cozinha, a bom de tudo que se carecia. Porém, estrito ao cabo de um ano de lá se estar, e quando menos esperassem, o riachinho cessou. Foi no meio duma noite, indo para a madrugada, todos estavam dormindo. Mas cada um sentiu, de repente, no coração, o estalo do silenciozinho que ele fez, a pontuda falta da toada, do barulhinho. Acordaram, se falaram. Até as crianças. Até os cachorros latiram. Aí, todos se levantaram, caçaram o quintal, saíram com luz, para espiar o que não havia. Foram pela porta-da-cozinha. Manuelzão adiante, os cachorros sempre latindo. –“Ele perdeu o chio...” Triste duma certeza: cada vez mais fundo, mais longe dos silêncios, ele tinha ido s’embora, o riachinho de todos. Chegado na beirada, Manuelzão entrou, ainda molhou os pés, no fresco do lameal. Manuelzão, segurando a tocha de cera de carnaúba, o peito batendo com um estranhado diferente, ele se debruçou e esclareceu. Ainda viu o derradeiro fiapo d’água escorrer, estilar, cair degrau de altura de palmo e derradeira gota, o bilbo. E o que a tocha na mão de Manuelzão mais alumiou: que todos tremiam mágoa nos olhos. Ainda esperaram ali, sem sensatez; por fim se avistou no céu a estrela- d’alva. O riachinho soluço se estancara, sem resto, e talvez para sempre. Secara-se a lagrimal, sua boquinha serrana. Era como se um menino sozinho tivesse morrido”. [1].
[1] ROSA, João Guimarães. Campo Geral. In Manuelzão e Miguilim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984, p. 155-156.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Nosso Objetivo

Promover e divulgar atividades sustentáveis no Bioma Cerrado.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Picolés de frutas do Cerrado. Alternativa à destruição

Excelente reportagem sobre o trabalho do Seu Clóvis, de Goiânia, que viaja pelo Cerrado Goiano em busca de frutas nativas para confeccionar seus deliciosos picolés. http://www.frutasdocerrado.com.br/historia.htm